URTICÁRIA CRÔNICA – TRATAMENTO

Tratar o portador de urticária crônica é um desafio. Não existe um tratamento que seja único e ótimo para todos. Ele deve ser individualizado, considerando cada doente e o seu tipo de urticária.

É importante frisar que o tratamento da urticária não cura o paciente, mas busca deixá-lo assintomático (sem sintomas). Ou seja, a crise será controlada com tratamento,porém em outro momento da vida a urticária pode voltar e ser necessário tratar novamente. O tratamento deve durar o tempo que o portador tiver  crises.

Só o médico pode conduzir esse tratamento, pois ele é o profissional capaz de fazer o diagnóstico correto, identificar o subtipo da doença e, assim, iniciar o melhor medicamento disponível.

No mundo todo o tratamento da urticária é realizado em etapas, isto é, o início é a etapa 1 e passa-se à etapa seguinte se não houver melhora dos sintomas. Deve ser dito que entre os diferentes protocolos internacionais de tratamento existem algumas diferenças, mas que o importante é que todos os buscam chegar ao controle da doença.

Falaremos resumidamente sobre essas etapas – englobando os protocolos científicos existentes. Conhecê-los ajudará você a conversar com seu médico sobre o seu tratamento.

1ª. etapa:
Inicia com o uso de anti-histamínicos anti-H1 não sedantes, chamados popularmente de antialérgicos. No Brasil existem muitos anti-histamínicos não sedantes de diferentes grupos no mercado. Todos funcionam da mesma forma. Seu médico irá escolher o que acredita ser o ideal para você. A dose inicial nessa primeira etapa é a preconizada em bula, quer dizer, um comprimido ao dia.

2ª etapa:
Caso os sintomas não desapareçam, passa-se à segunda etapa, em que se aumenta a dose do anti-histamínico não sedante escolhido na 1ª etapa em até quatro vezes a dose inicial.

Se não houver melhora, alguns estudiosos optam em adicionar uma nova fase e combinar outro antialérgico diferente (seriam dois não sedantes ou um não sedante mais um sedante) e/ou, em alguns raros casos, um anti-histamínico anti-H2, estes últimos levam a melhora da vermelhidão e inchaço, porém, sem controlar a coceira. Nem todos os médicos optam por essa fase.

3ª. etapa:
Se ainda não houver melhora com anti-histamínicos anti-H1 em altas doses, medicações mais complexas são adicionadas ao tratamento. A escolha do medicamento nessa etapa dependerá sempre do tipo de urticária, das outras doenças que o indivíduo possui, da experiência de cada médico e do acesso que o paciente tem a medicação prescrita. Seu médico saberá avaliar o que será ideal para você caso precise chegar a essa etapa. E mesmo que um medicamento não funcione, outro poderá ser tentado.

Uma opção possível, aceita por apenas parte dos estudiosos, é o uso de dapsona (antibiótico com poder anti-inflamatório) e/ou antileucotrienos – montelucaste (medicamento que inibe os leucotrienos). Porém nem todos os portadores de urticária são indicados ou respondem a essas medicações.

4ª etapa:
As outras possibilidades, que aceitas mundialmente com bons resultados, são: omalizumabe (agente imunoterápico anti Ig-E injetável , de alto custo, recentemente aprovado para uso em urticária crônica espontânea e em estudo para uso nas urticárias crônicas induzidas) e ciclosporina (agente imunossupressor, também de alto custo, que necessita de exames laboratoriais para ser introduzido).

grafico-urticaria

Importante lembrar que o uso de corticoides sistêmicos orais e injetáveis (prednisona, prednisolona, betametasona, dexametasona) por médio e longo prazo deve ser totalmente evitado no tratamento de todos os tipos de urticária crônica pelos riscos de efeitos colaterais mais graves que a própria urticária, que é uma doença que incomoda muito, porém tem comportamento benigno. Os efeitos colaterais do uso crônico de corticoide sistêmico incluem: catarata, osteoporose, aumento do apetite, aumento de peso, hipertensão arterial, diabetes, insônia, estrias, afinamento da pele, entre outros. Somente em situações especiais usa-se esse tipo de medicação por até sete dias, no máximo, sempre com prescrição médica.

Bibliografia:
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